Segundo o governo, apenas em 2030 todos os brasileiros terão água encanada e rede coletora de esgoto em suas casas
Cientistas esperam que a população brasileira possa ser imunizada
contra os quatro tipos de vírus da dengue dentro de aproximadamente
cinco anos. O prazo para resolver o problema epidemiológico é bem
inferior ao tempo de que o país precisa para universalizar o saneamento
básico, apontado como uma das causas para a prevalência da dengue.
Segundo o governo federal, apenas em 2030 todos os brasileiros terão
água encanada e rede coletora de esgoto em suas casas.
" Um dos problemas da dengue e outras doenças negligenciadas é que
elas cresceram onde não há infraestrutura adequada. As pessoas têm
que armazenar água, as prefeituras não conseguem recolher o lixo.
Isso vai levar anos, talvez décadas para que a gente consiga resolver
completamente" , afirma o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde, Jarbas Barbosa. " Muitas dessas doenças negligenciadas são
de pessoas negligenciadas" , assinala Barbosa, ao lembrar da incidência
de tuberculose, hanseníase e de doenças parasitárias entre as pessoas
que vivem em domicílios com pouco espaço e muitos moradores.
" São pessoas que vivem em condições insalubres" , acrescenta,
ao dizer que o tratamento médico gratuito não é suficiente para
melhorar a vida das pessoas.
Na avaliação do secretário, a situação social torna a pesquisa em saúde
ainda mais importante. Barbosa lembra que a pesquisa pode oferecer
boas ferramentas de prevenção e controle de doenças. " Quando olhamos
o panorama de doenças tropicais negligenciadas, as que persistem são
aquelas em que as ferramentas disponíveis não são as melhores. E, por
isso, o desenvolvimento científico e tecnológico é muito importante."
" O desafio é desenvolver estratégias capazes de aumentar o acesso
à saúde. Para isso, a gente também precisa de pesquisa operacional
para ver qual a melhor estratégia para ver a maneira daquela população
ser alcançada" .
Um quarto da pesquisa científica feita no Brasil é na área de saúde, o que
torna o país referência mundial. " Temos desde pesquisas para buscar a
modificação genética do mosquito da dengue até pesquisa para infectá-lo
com um microrganismo que não faz mal para as pessoas e reduz a
capacidade dele de se infestar com vírus da dengue" , diz o secretário
de Vigilância em Saúde.
Segundo Barbosa, o país faz pesquisa básica, desenvolve ferramentas
para atendimento à população, cria kits de diagnóstico, produz novos
medicamentos e participa de testes e pesquisas operacionais para avaliar
e implementar estratégias de imunização. " O Brasil tem um papel importante
no campo da pesquisa de doenças tropicais. O país está procurando desenvolver
sua vacina e está ajudando a testar a vacina que não é produzida aqui, mas,
seguramente, será muito útil para o programa brasileiro de controle da
dengue" , atesta Barbosa.
A pesquisa mais adiantada envolve o Núcleo de Doenças Infectocontagiosas da
Universidade Federal do Espírito Santo, que participa dos testes clínicos de uma
vacina desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur em 11 países
tropicais. Além dessa pesquisa, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
Bio-Manguinhos, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro;
e o Instituto Butantan, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo,
trabalham na produção de vacinas em parceria com laboratórios internacionais.
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